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CRM/RS 36737 | RQE 35369
Eu sempre digo que pra saber quais seriam meus possíveis diagnósticos, bastaria "olhar ao meu redor”. Dos bipolares diagnosticados, 80% deles possuem familiares de primeiro e segundo grau com a mesma patologia e, um elevado índice de outros transtornos psiquiátricos. Isso mesmo! O Transtorno afetivo bipolar está entre as doenças médicas mais hereditárias. A interleucina 6 é uma substancia pró-inflamatória encontrada em elevados níveis em pacientes acometidos por transtornos mentais, e está associada a agravo de doenças crônicas como hipertensão, diabetes, fibromialgia, câncer. É por isso que os planos de saúde americanos passaram a dar mais importância para saúde mental a partir do momento em que constataram que a comorbidade com qualquer transtorno mental dificulta o tratamento da doença crônica elevando o custo do tratamento em até quatro vezes. A inflamação causada pelo adoecimento mental é perceptível inclusive esteticamente. Basta observar o antes e o depois no rosto de alguém que passou por um severo sofrimento mental. Essa inflamação é a responsável pela redução na expectativa de vida em até 30 anos. Não bastasse a forte hereditariedade e as consequências inflamatórias, o estilo de vida contemporâneo pode nos trazer ainda mais problemas, pois o ritmo de vida acelerado, com cada vez mais demandas e exigência de performance e, a constante conectividade nos faz viver em regime de múltiplas tarefas (MULTITASKING). O excesso de informações obtidas de maneira rápida e superficial associados a hiperestimulação do nosso sistema de recompensa por “likes e views” nos deixam cada vez menos tolerantes a frustração, e com constante necessidade de nos sentirmos gratificados. O cérebro não consegue focar totalmente enquanto realiza múltiplas tarefas. Quando as pessoas tentam realizar múltiplas tarefas simultaneamente, ou alternam rapidamente entre elas, tendem a errar mais e levam mais tempo para completa-las. Isto acontece porque o cérebro tem que recomeçar e retomar o foco a cada mudança de tarefa. Na realidade, o que ocorre é uma rápida alternância entre tarefas ao invés de processamento simultâneo. Nós temos uma capacidade limitada de reter informações, o que piora quando a quantidade de informações aumenta. Portanto, o "multitasking" prejudica a nossa formação de memórias. Trabalhar em uma única tarefa significa que ambos os lados do córtex pré-frontal estão trabalhando juntos em harmonia. A adição de outra tarefa força os lados esquerdo e direito do cérebro a trabalharem de forma independente. Cientistas do Instituto Nacional de Saúde e Pesquisa Médica (INSERM) de Paris mostraram que são cometidos três vezes mais erros quando realizados dois objetivos simultâneos. Um estudo da Universidade de Londres descobriu que os participantes que realizaram multitarefas experimentaram um declínio no QI semelhante aos que foram privados de sono a noite toda. Algumas pessoas tiveram uma queda de 15 pontos no QI, deixando-os com o QI médio de uma criança de 8 anos de idade. Um estudo da Universidade de Sussex (Reino Unido) demonstrou que o multitasking reduzia a densidade cerebral no córtex cingulado anterior, área responsável pela empatia e controle emocional. A implicação de suas descobertas é que a multitarefa, especialmente envolvendo o uso de dispositivos de mídia, pode alterar PERMANENTEMENTE a estrutura do cérebro após um longo período de uso. Assim sendo, concluo que a manifestação emocional é apenas a ponta do iceberg de uma patologia orgânica e sistêmica, que possui uma forte tendência de ter sido herdada e/ou adquiridas, sendo o comportamento afetado por essas manifestações emocionais, ou mesmo agindo como agente causador. Portanto, o correto rastreio e tratamento, assim como adequação dos comportamentos, são fundamentais para mantermos ou para atingirmos uma saúde de física e mental.