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CRM/SC 13572
Ansiedade: Um mal
moderno?
Na sociedade atual poucos duvidam que levamos uma vida
atribulada com muitas tarefas e preocupações simultâneas; muito diferente da
vida adotada pelas gerações anteriores. Não temos mais tempo para quase nada
apesar do notável aumento da expectativa de vida que testemunhamos. Anseios e
expectativas se aglomeram no nosso ambiente mental, gerando sintomas e
sofrimento. A Ansiedade pode ser
caracterizada, de maneira bastante simplificada, como o medo de algo que não
conseguimos identificar, causando a incapacidade de aproveitarmos o momento
presente, problemas de sono, dificuldades de concentração, fadiga,
irritabilidade, dores pelo corpo, inquietude e descontrole no apetite só para
citarmos alguns sintomas.
Questiono se nossos ancestrais viviam menos ansiosos que
nós. Doenças simples de tratar hoje eram
vivenciadas com consequências imprevisíveis e algumas vezes trágicas. Então
preocupações, incertezas e medos não são coisas exclusivas do nosso tempo.
Imaginem uma mãe vendo o filho com febre por uma infecção na época em que não
existiam antibióticos ou os riscos envolvidos em uma gestação quando não haviam
os recursos do pré-natal e da
assistência dos centros obstétricos.
Então por que ouvimos com tanta frequência que a ansiedade é algo da
nossa época; consequência dos tempos modernos?
Certamente os antigos conviviam melhor com a ansiedade que
nós. Em outras palavras toleravam mais a ansiedade que o homem dos dias de
hoje. Hábitos saudáveis como exercício físico e interação interpessoal mais
próxima e real (ao contrário da virtual) são motivos para isso. Sedentarismo no
passado era incomum e as pessoas desfrutavam o convívio umas das outras com
mais intensidade que hoje. Somos indivíduos que evoluímos biologicamente para
vivermos em grupo e em movimento; simples assim. Quando nos desviamos dessas prerrogativas
simples nos tornamos mal equipados para lidar com a ansiedade da vida. Digo
“lidar” com a ansiedade ao invés de elimina-la, pois tão prejudicial quanto o
excesso de ansiedade é a absoluta falta dela. Sem o auxílio da ansiedade na
medida certa não teríamos o ímpeto para nossas realizações e conquistas. É sempre bom salientar que a falta de esforço
e resultados costuma levar a frustações irremediáveis; o efeito nocivo da “zona
de conforto” que tanto se alerta.
O importante é programarmos práticas saudáveis e equilibradas
na nossa rotina, conhecendo nossos limites e não se deixando seduzir por uma
gama interminável de tarefas e obrigações. Se nossos antepassados enfrentaram ameaças,
riscos e dificuldades que um jovem dos dias de hoje teria dificuldade em
imaginar e ao mesmo tempo deixaram um legado e uma recordação de estilo de vida
tranquilo e sereno; é porque respeitaram sua biologia vivendo de maneira mais
naturalística. Neles, pelos feitos e pela habilidade em conviver com a
ansiedade, deveríamos nos espelhar.