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CRM/SC 9335 RQE 3945
Assim que começa a frequentar a creche,
a criança acaba entrando em contato com uma grande variedade de agentes
infecciosos e, por isso, adoece mais frequentemente. Essa é a chamada
síndrome da creche.
A sociedade de hoje com seu ritmo intenso e acelerado obriga a maioria dos pais a colocarem precocemente seus filhos na creche. O atendimento na creche inicia-se já a partir do primeiro mês de vida até os 03 anos de idade.
Crianças agrupadas num mesmo ambiente, diariamente, acabam tendo uma maior exposição aos agentes etiológicos causadores de infecções, sejam respiratórias ou gastrointestinais.
Síndrome da creche é o termo utilizado para definir as crianças dessa faixa etária, que são acometidas por infecções de repetição. Estas crianças acabam tendo cerca de 6-8 episódios de infecções ao ano.
Observamos nos serviços de emergência pediátrica, principalmente nos meses de inverno e outono, que o número de atendimentos aumenta significativamente. As creches se convertem num “celeiro” de vírus e bactérias, mesmo com as medidas de higiene e limpeza realizadas.
Outra observação importante é com relação ao uso de antibióticos receitados. A grande maioria destas prescrições foi para doenças respiratórias, que se sabe através de estudos científicos, tratam-se predominantemente de etiologia viral.
A faixa etária até os 03 anos de idade cursa com uma imaturidade fisiológica do sistema imune. O recém-nascido apresenta uma diminuição progressiva dos níveis séricos de imunoglobulina G -IgG, adquiridos passivamente através da circulação transplacentária. Essa redução começa por volta do quarto mês de vida, estendendo-se até o final do primeiro ano.
Ainda com relação ao sistema imune, o lactente possui níveis reduzidos de imunoglobulina A - IgA, que está presente nas mucosas do trato respiratório e gastrointestinal. Assim sendo, existe uma facilidade na penetração de patógenos, e consequente infecção.
Os fatores de risco aumentam, e em contrapartida ocorre uma diminuição da IgA, também em função do desmame materno.
Assim, aumentam nos consultórios as famosas “ites” – gastroenterite, otite, estomatite, faringite, além de outras. As doenças vão “passando de um bebê para outro sem dar trégua.”
A entrada precoce das crianças em creches é uma realidade, em função do ritmo de vida da sociedade moderna.
É um dever do pediatra reduzir as consequências destas infecções, e ainda também:
•Estimular um maior tempo de aleitamento materno
•Orientar nutrição adequada (diminuir farináceos, aumentar o consumo de frutas e verduras)
•Orientar medidas higiênicas efetivas, e sobre a importância da higienização das narinas
•Orientar as imunizações disponíveis (manter calendário vacinal atualizado)
•Estimular banho de sol diário
•Avaliar diante de um quadro de infecção, a melhor terapêutica a ser adotada
•Evitar o uso indiscriminado de antibióticos
•Orientar os pais que não levem seu filho doente à creche, a fim de evitar transmissão
•Em casos de doenças complicadas recorrentes, proceder a investigação para imunodeficiência.