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AMT-RS 489/2020
Quando falamos em música, é consenso de que ela faz bem para o corpo e a mente. Quando escutamos música nosso corpo responde de diversas formas com as sensações que ela proporciona. De acordo com diversas pesquisas científicas na área, a música ativa várias partes do cérebro ao mesmo tempo, estimulando a neuroplasticidade. São evidentes os benefícios que a música proporciona no ser-humano. Mas qual a diferença entre musicoterapia e musicalização?
Existem diversas semelhanças entre as duas práticas, por isso muitas vezes há confusão na procura de um profissional de uma área ou outra. Ambas se utilizam da música, porém com objetivos diferentes.
A Musicoterapia é utilizada como recurso no tratamento de diversos transtornos do neurodesevolvimento, usando os elementos musicais (som, ruído, ritmo, harmonia, timbres, melodias e pausas) de forma terapêutica. Os seus objetivos são direcionados à saúde, para o desenvolvimento de potenciais e/ou reestabelecimento de habilidades motoras, cognitivas, de linguagem e sociais, conforme a demanda de cada paciente ou grupo.
Algumas abordagens da musicoterapia entendem a música como um fenômeno natural, inerente ao ser humano, a exemplo da Musicoterapia músico-centrada, onde o processo ocorre com o equilíbrio dos três elementos: o paciente, o terapeuta e a música. O princípio que move esse sistema é a experiência de estar na música, (living in the music) “terapeuta e paciente vivendo/sendo da forma mais intensa possível suas experiências criativas na música” (Brandalise, 2003).
Por exemplo, nos pacientes com Transtorno do Espectro Autista (TEA) a musicoterapia contribui com o desenvolvimento da linguagem, organização, flexibilidade, sustentação da atenção e interação social. Muitos estudos atualmente trazem a musicoterapia como uma das intervenções com mais resultados positivos no tratamento do TEA e recentemente a musicoterapia também entrou para o ROL da Agência Nacional de Saúde (ANS).
Já com o público idoso existem diversos estudos mostrando os benefícios ligados à autoestima, motivação, expressão e comunicação social, bem como a melhora em diversos marcadores biológicos, como pressão arterial, frequência cardíaca e redução dos níveis de ansiedade e dor. Pacientes neurológicos adultos com prejuízo na área da linguagem também podem se beneficiar da intervenção musicoterapeutica.
A musicalização, por sua vez, é o processo de construção do conhecimento musical. Seu principal objetivo é despertar ou desenvolver o gosto pela música, estimulando e contribuindo com a formação global do indivíduo. Dessa forma, a prática coloca a criança no campo da compreensão musical, favorecendo a vivência artística por meio de brincadeiras, expressão corporal e histórias, desenvolvendo assim a percepção auditiva, visual, tátil, a inteligência e a sensibilidade.
Pode a música ser nociva para a saúde?
Dificilmente passa pela nossa cabeça que a música pode ser ruim para a saúde, porém estudos provam que se utilizada de forma inadequada, especialmente com a população atípica, a música pode sim ser nociva. Existem padrões musicais que podem causar desconforto, medo e insegurança, assim como estímulos musicais repetidos ou fora de contexto podem aumentar a rigidez e a desorganização em determinadas patologias como TEA e TDAH, por exemplo. Por isso quando falamos em música e transtornos de neurodesenvolvimento, precisamos ficar atentos às abordagens escolhidas.
A UBAM – União Brasileira das Associações de Musicoterapia é quem controla as formações válidas junto ao MEC no país e cada estado tem sua associação com os profissionais regulamentados. No Rio Grande do Sul, é possível pesquisar os profissionais de Musicoterapia através do site da AMT-RS e em Santa Catarina através da ACAMT.
Ao longo dos anos atuando no Centro Gaúcho de Musicoterapia – ICD em Porto Alegre, clínicas de atendimento neuropediátrico, residenciais geriátricos e hospitais, pude compreender a importância do alinhamento do musicoterapeuta com a equipe multidisciplinar e família para o sucesso do tratamento.